História do Sindicato

Uma história de lutas e vitórias!

1932 foi o ano de fundação do Sindicato dos “Ferroviários da São Paulo Railway”. Nesse mesmo ano despontam os primeiros movimentos grevistas da categoria, em fevereiro e maio. Por pressão dos associados, é realizada uma Assembléia Geral Extraordinária no dia 1º de maio de 1932 que contou com a presença de centenas de Ferroviários. Durante as discussões em torno da pauta, reivindicações se arrastaram pela madrugada do dia 02 de maio. Dessa reunião resultou a seguinte pauta de reivindicação, apresentada à superintendência da Estrada de Ferro:

1º - Readmissão de todos os Ferroviários demitidos no movimento de fevereiro de 1932
2º - Abolição completa das empreiteiras
3º - Aumento nos ordenados, diários ou por hora, nas seguintes bases: porcentagem variável de 30% a 10%
4º - Semana de 48 horas semanais de trabalho
5º - Despedida de alguns chefes e que os demais chefes encarregados e feitores tenham tratamento cortês com todos os trabalhadores
6º - Cumprimento da lei de férias
7º - Salário igual para todos os trabalhadores
8º - Nenhuma perseguição e liberdade para todos os que participaram do movimento
9º - Recondução do companheiro Maximino Trindade, delegado do Sindicato no Pary 10º Adoção de medidas de higiene e conforto nos locais de trabalho
11º - Pagamento dos salários e vencimentos a todos os trabalhadores, enquanto perdurar o movimento
12º - Reconhecimento do “Sindicato dos Ferroviários da São Paulo Railway"

O impasse durou 12 dias. O próprio Presidente Getulio Vargas e o Ministro do Trabalho, Salgado Filho, determinaram a arbitragem do litígio. A convenção foi assinada pelo superintendente da estrada M. Wellington, transigindo a maioria das reivindicações, embora a lei reguladora das matérias não obrigasse a Estrada a acatá-las e, para outras matérias, não havia lei própria. As conquistas das reivindicações foram um marco para o Sindicato. A vitória do movimento veio consolidar seu papel junto à categoria. A partir daí seu crescimento se expande por todo o Estado, abrangendo todas as ferrovias e aumentando o numero de sócios.

DE JULHO A OUTUBRO DE 1932 , as atividades do Sindicato são suspensas em virtude da Revolução Constitucionalista.
No fim de outubro, o Ministro do Trabalho julgou procedente organizar os Sindicatos por empresa. Com isso, o Sindicato dos Ferroviários de São Paulo foi dissolvido em 30 de Outubro para surgirem os Sindicatos da SPR, EFS, CM, SPP, EF Sul Mineira (decreto federal Nº 19.770).

1934 - é promulgada a nova Constituição Federal e, no mesmo ano, é baixado um decreto dando nova orientação à lei Sindical. Os sindicatos foram reconhecidos e puderam desenvolver melhor suas atividades no plano das reivindicações trabalhistas.

1939 - o Presidente Getúlio Vargas fixa novos rumos para a sindicalização no Brasil. É baixado um decreto-lei de nº 1402 com o objetivo de adaptar os sindicatos à nova Constituição. São instituídos o imposto sindical e o enquadramento sindical.

1941 – os Sindicatos são definitivamente consolidados nos moldes que hoje conhecemos.



Ferroviários – Precursores dos direitos dos Trabalhadores

Por Orestes Giorgi

“Como todos os ferroviários devem estar lembrados, em maio de 1932 era declarada a Greve Geral, em determinação ao que fora deliberado por uma assembléia realizada na Lapa dias antes."

Acontece que, terminada a greve referida, a administração da então São Paulo Railway, mandava funcionários da sua administração, munidos de uma relação de empregados, por ela visados, vedando o ingresso nas oficinas de 87 ferroviários. Em seguida, a administração da estrada requer ao Ministro do Trabalho, permissão para demiti-los e, como sempre, alegando que eles eram comunistas. Entre os ferroviários visados pela medida da “Estrada”, havia alguns com mais de 10 anos de serviço efetivo. No mês de junho era procurado em meu local de trabalho, nas Oficinas Centrais da ferrovia, por um colega de serviço, dizendo-me que, estando de férias, aproveitaria para, por conta própria, avistar-se com o Senhor Ministro do Trabalho, por isso que me procurava para fazer parte de uma comissão no sentido de promover a defesa dos companheiros atingidos injustamente. Aceitei o convite que me estava sendo feito, por considerá-lo além de justo, sobretudo humano.

Constitui-se a comissão integrada pelos ferroviários José Toquarto Pinto, Orestes Giogi e Valetim Bardus, estes representando os ferroviários atingidos pela prepotência da São Paulo Railway. Em 05 de julho, do mesmo ano, a referida comissão promovia a vinda a esta Capital do Ministro do Trabalho no sentido de ser iniciada a defesa dos companheiros, visto como, na ocasião, não tínhamos qualquer organismo a que pudéssemos recorrer. Tínhamos um departamento intitulado de Trabalho, mas que só servia para arranjar empregado para os patrões. Quanto à defesa, ficava essa, a cargo da policia resolver. Precisamente no dia 05 de julho, embora contra a vontade do então chefe da policia, Sr. Tyso Martins, realizava-se a reunião com a presença do Ministro do Trabalho, debaixo do maior aparato bélico, dando assim uma demonstração de que o Estado de São Paulo estaria em pé de guerra, querendo com isso, fazer crer ao povo paulista, que os ferroviários da São Paulo Railway eram feras. Desse modo, favoreciam o pedido da Estrada. Na reunião acima referida, o Ministro do Trabalho, Dr. Salgado Filho solicitava da comissão que preparasse todos os documentos indispensáveis à defesa dos ferroviários para apresentá-los ao Ministério do Trabalho. Tal iniciativa ficou paralisada devido ao movimento revolucionário paulista.

No mês de setembro do mesmo ano, dirigia-se a Comissão à Capital do país, à sua própria custa, pois não existia, na ocasião, qualquer organismo que pudesse custear as despesas. Feita a entrega dos documentos solicitados pelo Ministro, este, após examinar a documentação que lhe estava sendo entregue, declarava que iria fazer todo o possível no sentido de defender os ferroviários atingidos. Dirigindo-se a um dos membros da comissão, Sr. José Torquato Pinto, fez-lhe a entrega de uma carta nomeando-o, desde essa data, representante do Ministério do Trabalho, em São Paulo. Dirigindo-se a mim, Orestes Giorgi, solicita-me promover a fundação do Sindicato, no sentido de obrigar a São Paulo Railway ao cumprimento da lei, alegando que tivera conhecimento da existência de vários sindicatos, porém, sem o respectivo registro, dificultando assim qualquer defesa dos trabalhadores ferroviários.

Atendendo ao pedido do Ministro, não tive dúvidas em aceitar tal incumbência, certo de que estaria amparado pelas autoridades constituídas.

Assim, após consultar os companheiros de Santos, da Lapa, e os dirigentes do ex-sindicato de São Paulo, promovia, por intermédio de boletins, a convocação dos ferroviários para uma Assembleia Geral, na rua José Paulino, para o dia 30 de outubro de 1932 com o objetivo de aprovação dos estatutos e a nomeação de sua Diretoria provisória, a qual ficou assim constituída:

Presidente: Orestes Giorgi – Oficina Lapa

Secretário: Valentim Bardus- Ferreiro – oficina Central

Tesoureiro: Arthur Pandovani – oficina Lapa.”

(Fonte:O Trilho – novembro de 1958 – Orestes Giorgi, primeiro presidente do Sindicato dos ferroviários da SPR, de 1932 a 1936).

Relação de todos os Presidentes do Sindicato desde sua fundação
Orestes Giorgi - 1932 a 1936
Pedro Penteado - 1937 a 1938
Virgilio Martins de Oliveira - 1939 a 1940
Pedro Cândia - 1941 a 1945
Sebastião Paiva - 1945 a 1950
Arnaldo Vagliengo - 1951 a 1953
Antonio Gonçalves Vianna - 1953 a 1955
João Nascimento Saraiva - 1955 a 1957
Jonas Ribeiro Rodrigues - 1958 a 1959
Antonio Dozzo - 1960 a 1962
Antonio Petransan Filho - 1962 a 1963
Dr. Diógenes de Camargo (interventor ) - 1964
Geraldo de Souza Pereira - 1965 a 1972
Altair Roberto Mucilo - 1972 a 1975
Rogério Mendes - 1975 a 1976
João Pereira Barbosa - 1976 a 1982
José Mendes Botelho - 1982 a 2001
Eluiz Alves de Matos - 2001 – Presidente Atual